Artigo

A pior tragédia é aquela que podia ter sido evitada e não foi

Por Evoti Leal - Barbeiro e escritor

Desde que comecei a me dedicar a escrever crônicas, sempre procurei me deter nos assuntos mais positivos possíveis, ou, pelo menos, nos menos negativos. Prefiro transmitir mensagens amenas, de baixa toxicidade. Prefiro mostrar aos leitores, se possível, até provar-lhes, que este mundo não é tão ruim assim, que os seres humanos se preocupam uns com os outros e que, em sua grande maioria, prezam pelo bem estar uns dos outros.

Quando abro um jornal e me deparo com uma reportagem de página inteira, reforçada por um editorial com um texto de excelente qualidade, chamando a atenção para uma tragédia que pode e deve ser evitada, envolvendo crianças e jovens, além de professores e serventes de uma escola pública, bem perto de onde estou morando, cujo prédio oferece risco de desabar, matando e ferindo pessoas, mais me convenço de que os seres humanos pensam, sim, uns nos outros.

Alunos, professores, pais, jornalistas e leitores em geral, se mostram horrorizados ante a possibilidade de ocorrer um grande desastre, e alertam as autoridades para que evitem esse acontecimento.

Não seria nada agradável, para nenhum de nós, assistir a uma triste manchete nos grandes veículos de comunicação envolvendo Pelotas em densa nuvem de mortes prematuras e muito sofrimento, por conta do descaso de administradores públicos. Não importa de quem é a responsabilidade, se do Estado ou do Município. Os cidadãos e cidadãs, adultos, jovens e crianças, moram e vivem em Pelotas e merecem respeito e proteção por parte de quem administra a cidade. O jogo de empurra, nesse caso, não exime ninguém de sua culpa, caso venha a acontecer o pior.

Se a responsabilidade é do Estado, que o Município não cruze os braços e espere pra ver o que vai dar. A população não deixe por menos. Se um filho meu estivesse num colégio assim, não esperaria perdê-lo para depois reclamar do governador, do deputado estadual, do secretário da educação, que deixaram que essa dor me atingisse.

Muitos fazem greves por muito menos!

Para quem não sabe ou não se deu conta ainda, estou falando da reportagem do Diário Popular deste sábado, 20 de abril de 2024, em sua página 3, sob o título: Com risco de desabamentos há oito anos, deterioração do Félix da Cunha continua avançando.
Refiro-me, também, ao editorial, "Crônica de uma tragédia anunciada", muito bem escrito.

Aliás, na última sexta-feira, comemorou-se o Dia do Indígena e eu gostei demais da charge do Cazo, mostrando o invasor civilizado a dizer para o indígena: "Vamos combinar assim. Nós ficamos com a terra e no futuro vocês ganham uma bela data comemorativa". Não vi nenhuma comemoração.

No ensino fundamental, talvez tenha havido algum trabalho alusivo, apenas. Ou seja: não cumprimos nem com o combinado.
Precisamos também de uma data alusiva ao ser humano: o "dia de ser humano".

Você leu certo. Não é o "dia do ser humano"; mas "de ser humano", mesmo.

E isto implica em o ser humano ser mais humano para com outros seres humanos.

E encerro dizendo que o pior mal que pode acontecer a um ser humano é aquele que podia ter sido evitado por outros seres humanos.
O editorialista expressou isso muito bem, no caso da escola que pode vir abaixo e causar uma tragédia anunciada de grande proporção!
Durma, quem puder, com um barulho deste!

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